aproveita os nós desatados
o silêncio das águas perdidas
as fendas nas montanhas
aproveita as violetas entrecortadas
de desejo
os sinos soltos pela chuva
como sonhos desencantados
aproveita as caravelas invisíveis
assombrando as noites
os pios das corujas solitárias
aproveita os caminhos recém-abertos
por cogumelos escarlates
aproveita as rendas dos luares
de agosto
os rostos pontuando as sombras
aproveita os cavalos engravidando a terra
aproveita o peso escuro da terra
e tece teu poema
-Roseana Murray-
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