A emoção é como um pássaro,
quando se prende já não canta

sábado, 30 de abril de 2011

Fragmento


 Sim, bem sei, ó amada do meu coração, tudo isto não é senão 
o teu amor - esta luz dourada que dança sobre as folhas, estas 
nuvens preguiçosas navegando pelo céu, esta brisa fugitiva 
deixando uma frescura em minha fronte.
A luz da manhã inundou os meus olhos - essa é a tua mensagem
ao meu coração. A tua face debruça-se do alto, os teus olhos olham
os meus olhos embaixo, e o meu coração resvala pelos teus pés.

TAGORE

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Agulhas de Prata

Tela de Edmund Tarbell
Com agulhas de prata
de brilho tão fino
bordai as sedas do vosso destino.
Bordai as tristezas
de todos os dias
e repentinamente as alegrias.

Que fiquem as sedas
muito primorosas
mesmo com lágrimas presas nas rosas.

Com agulhas de prata
de brilho tão frio...
ai, bordai as sedas, sem partir o fio!


CECILIA MEIRELES

Cantiga para não morrer

Galina Kozakova

Quando você for se embora,
moça branca como a neve,
me leve.

Se acaso você não possa
me carregar pela mão,
menina branca de neve,
me leve no coração.

Se no coração não possa
por acaso me levar,
moça de sonho e de neve,
me leve no seu lembrar.

E se aí também não possa
por tanta coisa que leve
já viva em seu pensamento,
menina branca de neve,
me leve no esquecimento.

FERREIRA GULLAR

Despedida

Tela de Galina Kozakova


Mas tu nunca vinhas com a noite –
E eu sentada com casaco de estrelas.
… Quando batiam à minha porta
Era o meu próprio coração.
Agora pendurado em todas as ombreiras,
Também na tua porta;
Entre touros rosa-de-fogo a extinguir-se
No castanho da grinalda.
Tingi-te o céu cor de amora
Com o sangue do meu coração.
Mas tu nunca vinhas com a noite
… E eu de pé com sapatos dourados

Else Lasker-Schüle

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Outono

Uma borboleta amarela?
Ou uma folha seca
Que se desprendeu e não quis pousar? 

MARIO QUINTANA

As águas dormem

Há uma hora certa, 
no meio da noite, uma hora morta, 
em que a água dorme.

Todas as águas dormem: 
no rio, na lagoa, 
no açude, no brejão, nos olhos d'água, 
nos grotões fundos 
E quem ficar acordado, 
na barranca, a noite inteira, 
há de ouvir a cachoeira 
parar a queda e o choro, 
que a água foi dormir... 

Águas claras, barrentas, sonolentas, 
todas vão cochilar. 
Dormem gotas, caudais, seivas das plantas, 
fios brancos, torrentes. 
O orvalho sonha 
nas placas da folhagem 
e adormece. 
Até a água fervida, 
nos copos de cabeceira dos agonizantes... 

Mas nem todas dormem, nessa hora 
de torpor líquido e inocente. 
Muitos hão de estar vigiando, 
e chorando, a noite toda, 
porque a água dos olhos 
nunca tem sono...

GUIMARÃES ROSA

A pedra


Talvez no inverno
me tenhas oferecido uma pedra,
acesa, tão acesa que a guardava
ora na mão esquerda, ora na outra.

Viraram-se os dias como páginas,
e a pedra, pouco a pouco, congelando.
O que as minhas mãos juntaram
acabou por ser apenas sombra.

YAO FENG

Você diz que me ama

"Você diz que ama a chuva,
mas você abre seu guarda-chuva quando chove.
Você diz que ama o sol,
mas você procura um ponto de sombra quando o sol brilha.
Você diz que ama o vento,
mas você fecha as janelas quando o vento sopra.
É por isso que eu tenho medo.
Você também diz que me ama…"

Willian Shakespeare

As escadas

A casa está silente:
nenhum ruído, exceto
o das escadas
que sobem e descem incansáveis
sem nenhum passo
sem nenhum alvoroço.

Álvaro Pacheco — A Geometria dos Ventos
“in” A Balada e Outros Poemas

Esplendor na relva

«A luz que brilhava tão intensamente
Foi agora arrancada dos meus olhos,
E embora nada possa devolver os momentos
De esplendor na relva e de glória nas flores,
Não sofreremos, melhor,
Encontraremos força no que ficou para trás»

William Wordsworth

Só o teu rosto

Janet Hill
"Só o fogo e o mar podem olhar-se
sem fim. Nem sequer o céu com suas nuvens.
Só o teu rosto, só o mar e o fogo.
As chamas, e as ondas, e os teus olhos.
Só o teu rosto interminavelmente.
Como o fogo e o mar. Como a morte." 

(Eduardo Carranza)

terça-feira, 26 de abril de 2011

Há um grande silêncio que está sempre à escuta.

E a gente se põe a dizer inquietamente qualquer coisa,
qualquer coisa, seja o que for,
desde a corriqueira dúvida sobre se chove ou não chove hoje
até a tua dúvida metafísica, Hamleto!

E, por todo o sempre, enquanto a gente fala, fala, fala
o silêncio escuta...
e cala.

Mario Quintana
Aos amigos que gentilmente me visitam
e deixam um recadinho....o meu muito obrigada
beijinhos

£UNA

domingo, 24 de abril de 2011

Para a manhã


Rosa acordada, que sonhaste?
Nas pálpebras molhadas vê-se ainda
Que choraste...
Foi algum pesadelo?
Algum pressagio triste?
Ou disse-te algum deus que não existe
Eternidade?
Acordaste e és bela:
Vive!
O sol enxugara esse teu pranto
Passado.
Nega o pressagio com perfume e encanto!
Faz o dia perfeito e acabado!

MIGUEL TORGA

Fuga

Vento que passas, leva-me contigo
Sou poeira também, folha de outono.
Rês tresmalhada que não quer abrigo
No calor do redil de nenhum dono.

Leva-me, e livre deixa-me cair
No deserto de todas as lembranças,
Onde eu possa dormir 
Como no limbo dormem as crianças.

MIGUEL TORGA

ALBA


Orvalho da manhã, pranto da noite,
Luz que só tinha sombra e clareou.
Como um poema que se derramou
Sobre o corpo da vida
Mal acordada,
Assim és tu, pura emoção vertida,
Voz do silencio, solidão molhada. 

MIGUEL TORGA


Poema


Com o vento do norte,
as cigarras não cantam.

De noite, é como se nos falassem
de dentro dos arbustos:

vozes que o dia rejeita,
frases vestidas de terra.


NUNO JÙDICE

Tempo fluvial

Se eu definisse o tempo como um rio,
a comparação levar-me-ia a tirar-te
de dentro da sua água, e a inventar-te
uma casa. Poria uma escada encostada
à parede, e sentar-te-ias num dos seus
degraus, lendo o livro da vida. Dir-te-ia:
«Não te apresses: também a água deste
rio é vagarosa, como o tempo que os
teus dedos suspendem, antes de virar
cada página.» Passam as nuvens no céu;
nascem e morrem as flores do campo;
partem e regressam as aves; e tu lês
o livro, como se o tempo tivesse parado,
e o rio não corresse pelos teus olhos.

NUNO JÙDICE

Soberba

Soberba

'É o mais intelectual dos pecados 
e aquele que se liga facilmente a todos os outros. 
Tanto pode ser grosseiro como subtil.
 Grosseira, a soberba é luciferina; 
subtil, até Job a consente. 
Por isso os seus amigos desconfiaram dele, 
porque muita virtude é soberba oculta.'

Agustina Bessa Luís

Volta até mim

Tela de Amy Soileau
Volta até mim no silêncio da noite
a tua voz que eu amo, e as tuas palavras
que eu não esqueço. Volta até mim
para que a tua ausência não embacie
o vidro da memória, nem o transforme
no espelho baço dos meus olhos. Volta
com os teus lábios cujo beijo sonhei num estuário
vestido com a mortalha da névoa; e traz
contigo a maré da manhã com que
todos os náufragos sonharam.

NUNO JÙDICE

sábado, 23 de abril de 2011

Flor de açucena

"Quando acariciei o teu dorso, 
campo de trigo dourado, 
minha mão ficou pequena 
como uma flor de açucena 
que delicada desmaia 
sob o peso do orvalho. 
Mas meu coração cresceu 
e cantou como um menino 
deslumbrado pelo brilho 
estrelado dos teus olhos." 

THIAGO DE MELLO

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Sopre seus sonhos

Sopre seus desejos em uma bolinha de sabão.
Sopre com fé, com amor e emoção.
Encha seu pulmão de ar 
e ponha para fora todos os sonhos...
Pois somente, soltos no mundo, 
eles podem se realizar... 
Isto! Sopre. 
Encha de sonhos um monte de bolinhas de sabão, 
depois solte-as no ar... 
Para quando elas estourarem, 
os seus sonhos venham a se realizar. 

 By Helô Strega

Angustia

Há uma estranha beleza na noite ! Há uma estranha beleza !
Oh, a transcendente poesia
que verso algum traduz...

A via-láctea, inteiramente acesa
parece a fotografia
de um tufão de luz !

- Quem seria,
quem seria
que pregou lá no céu aquela imensa cruz?

Que infinita serenidade...
Que infinita serenidade misteriosa
nesse infinito azul dos céus e em tudo mais:
nos telhados, nas ruas, na cidade...

( Só os gatos gritam na noite silenciosa
sensualíssimos ais !)

Meu Deus, que noite calma... E aquela trepadeira
feminina e ligeira
veio abrir bem na minha janela
uma flor - como uma boca rubra e bela
que não terei...

- E ainda sinto nos lábios um travo nauseante
do amor que faz bem pouco, há apenas um instante,
paguei...

E o céu azul assim... E essa serenidade!
Silêncio- A noite, o luar ... Tão claro o luar lá fora...
Juraria que há alguém, não sei onde que chora...

Oh, a angústia invencível que me prostra
invade
e me devorar ...

(Poema de JG de Araujo Jorge, Cânticos – 1949)

Hora de pensar

Hora de se pensar em voz alta
no terraço das trepadeiras.
A claridade quase morta
esmalta
os vidros da janela e borda
de fios de ouro o leque das palmeiras.

Hora em que não há mais distâncias; hora
em que a primeira estrela vem ouvir na sombra
o canto verde da primeira rã;
em que cada palavra tomba
e se desenrola
silenciosa como um novelo de lã. 

Guilherme de Almeida

Comboio

Tela de Johanna Harmon
A noite chega de comboio.
Sou um astro sem brilho neste cais
onde espero há vinte e quatro horas
que não voltes mais.

ALBANO MARTINS

Eternidade


Conheci-te de noite: por isso te chamo estrela.
Conheci-te de dia: por isso te chamo claridade.
Conheci-te em todas as horas: por isso
te chamo eternidade.

ALBANO MARTINS

Banquete

Na minha casa de vento
Tem chá de chuva
Bolo de neblina
Empadão de pensamento
Na minha casa encantada
Tem macarronada de nuvem
E pastel de trovoada

A sobremesa é transparente
Na minha casa de vento
sorvete de orvalho 
pavê de faz-de-conta
 e torta de tempo
(ruim ou bom,não importa)
Você quer jantar comigo?

ROSEANA MURRAY

Hora da saudade

A tarde se esvai
lentamente
esgarçando suas luzes
em infinitos cristais
a tarde se esvai
e na alma fica um silêncio
de sinos mudos
uma espera ansiosa
de estrelas
uma saudade fininha
de não se sabe o quê

ROSEANA MURRAY

Oferenda

Diane Leonard

Poesia é o que posso te oferecer
como um pouco de tempo claro
no fundo do tacho
como uma estrela de água

escuta: os pássaros forram a tarde
com seus invisíveis anseios

caminha com cuidado
o chão está armado
em cima de horizontes
tudo pode ruir de repente
essa casa de vento
meu coração

ROSEANA MURRAY

Chama

Acender uma chama com cuidado todas as noites 
para que vele os sonhos para que a alma não se apague
para que a poesia não escape
sombra sorrateira rente aos muros
arrumar todas as noites as miragens ao pé da cama 
como um jogo antigo
onde nas pedras vinham escritas portas secretas 

ROSEANA MURRAY

Bailarina

A música dança aos pés
da menina que se move 
com a graça de um poema.
A ponta da sapatilha
beija o palco de leve
e os braços da bailarina
se elevam numa prece.

ALVARO BASTOS

Canção da gueixa

Andrei Markin
Canção de Gueixa "
"
Diz uma anônima canção japonesa
Em sua simplicidade:

"Quando os vagalumes
querem se esconder para amar,
procuram a claridade
de um raio de luar..."
.......................................

Eu...procuro o teu olhar...


( Poema de JG de Araujo Jorge

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Faz de conta

"Faz de conta que tudo que ela tinha
 não era de faz de conta."

CLARICE LISPECTOR

Presos num conto de fadas

... presos num conto de fadas
apenas a dois encontraremos o caminho
presos num gobelino
que nós dois tecemos juntos
isolados de todos
com uma língua que apenas 
você e eu entendemos.


Jostein Gaarder

A alma, esse conto de fada

Disfarça, tem gente olhando.
Uns, olham pro alto,
cometas, luas, galáxias.
Outros, olham de banda,
lunetas, luares, sintaxes.
De frente ou de lado,
sempre tem gente olhando,
olhando ou sempre olhando.
Outros olham para baixo,
procurando algum vestígio
do tempo que a gente acha,
em busca do espaço perdido.
Raros olham para dentro,
já que dentro não tem nada.
Apenas um peso imenso,
a alma, esse conto de fada. 

PAULO LEMINSKI
De tanto não poder dizer
meus olhos deram de falar
só falta você ouvir

ALICE  RUIZ

Regresso

Tela de Maxfield Parrish
Regresso devagar ao teu
sorriso como quem volta a casa. Faço de conta que
não é nada comigo. Distraído percorro
o caminho familiar da saudade,
pequeninas coisas me prendem,
uma tarde num café, um livro. Devagar
te amo e às vezes depressa,
meu amor, e às vezes faço coisas que não devo,
regresso devagar a tua casa,
compro um livro, entro no
amor como em casa.


Manuel António Pina

terça-feira, 19 de abril de 2011

Vem comigo ver a lua

Há uma lua lá fora, cheia, cheia
pios de coruja e grilos na areia
uma fogueira nos espera na montanha
vem comigo olhar a lua
dançar ao redor do fogo
caçar vagalumes ao relento
e ouvir a voz noturna do vento...

MARIZA ALENCASTRO

Os veleiros

Diane Leonard
Os veleiros aproximam-se dos portos
pelo interior do mito. Um perfume nocturno,
impregnado de limos, devolve-me as palavras
que sobrevivem ao desapego dos braços.

Quando os barcos, fatigados das marés,
já me adormeciam no olhar, falaste-me
do mar intranquilo no teu peito e dos veleiros
amarrados nos teus pulsos.


Graça Pires

Na periferia da manhã

Ariana Richards
Na periferia da manhã, levemente adiada,
improviso uma ilha.
Tão nua como páginas em branco.
E concedo-me o direito de esperar Ulisses.
A minha fronte marcada com palavras sem destino.


Graça Pires

No sal dos teus olhos

Ariana Richards

Nenhum caminho é acessível
à tremenda brancura da espuma
que as marés enfurecidas enrolam
nos rochedos enquanto os marinheiros
sussurram, entre eles, a demência
das mãos pregadas ao leme,
antecipando a posição das estrelas
no sal de seus olhos.

GRAÇA PIRES

Pela noite

Ariana Richards
Pela noite, as sardinheiras aprisionam a luz,
para enganar a morte dos desejos.
É por isso que o olhar matinal dos pássaros,
em pleno voo, nos pode enlouquecer.
Pensamos então: um pranto que desagua
nas dunas, não absolve o remorso
dos barcos seduzidos pelo vento.


GRAÇA PIRES

Era um vale

tela de Ariana Richards
"Era um vale. 
De um lado seu verde, suas brancuras. 
Do outro seus espaços de cor trigais e 
polpas azuladas de sol ensombradas de azul.
Era um vale. 
Deveria ter pastores e água. 
E à tarde umas canções alguns louvores."

HILDA HILST

E tu disseste não...

Andrei Markin

Pensando que eu iria dizer não
Pediste-me uma estrela, a mais brilhante,
Eu fui ao firmamento num instante
E pus a via láctea em tua mão.

Pediste-me uma flor de amendoeira
Quando era ainda noite bem serrada
Cheguei quando rompia a madrugada
E deixei a teus pés o Algarve inteiro.

Pediste-me um poema pra cantar…
Passei a noite toda a rascunhar
E trouxe a linda voz duma emoção.

À luz da lua, mãe do meu desejo,
Tive a ousadia de pedir-te um beijo
E tu, rindo de mim, disseste não!

CÂNDIDO

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Pode te dar paz

Andrei Markin
Não tenhas medo, ouve:
É um poema
Um misto de oração e de feitiço...
Sem qualquer compromisso,
Ouve-o atentamente,
De coração lavado.
Poderás decorá-lo
E rezá-lo
Ao deitar
Ao levantar,
Ou nas restantes horas de tristeza.
Na segura certeza
De que mal não te faz.
E pode acontecer que te dê paz...

MIGUEL TORGA

Desconhecida

Tela de Andrei Markin
De repente é a viagem! 
É o vento que brinca com as últimas árvores visíveis.
E há um pássaro que segue longamente meu navio
E que depois, exausto, retorna.
Quem és tu que, outrora, não conhecia
E que me levas nos teus braços,
Para onde, não sei?
Quem és tu que ainda há pouco não existias
E que me olhas com esses olhos antigos e íntimos
Que contemplaram comigo o nascimento do tempo?

Quem és tu?

Augusto Frederico Schmid

Prece

Concede-me, Senhor, a graça de ser boa.
De ser o coração singelo que perdoa.
A solícita mão que espalha, sem medidas,
Estrelas pela noite escura de outras vidas
E tira d’alma alheia o espinho que magoa.


HELENA KOLODY

Quando meu pai cantava

Meu pai caminhava por entre eles e nós,
cantando cada nova folha caída de cada árvore
(e toda criança sabia que a primavera 
a primavera dançava 
quando ouvia o meu pai cantar)..
.

 E.E.CUMMINGS

Fragmento

"Só se pode viver perto de outro, e conhecer outra pessoa, 
sem perigo de ódio, se a gente tem amor. 
Qualquer amor já é um pouquinho de saúde,
 um descanso na loucura." 

João Guimarães Rosa

Ai daqueles...

ai daqueles
que se amaram sem nenhuma briga
aqueles que deixaram que a mágoa nova
virasse chaga antiga
ai daqueles que se amaram
sem saber que amar é feito pão em casa
e que a pedra só não voa
porque não quer
não por que não tem asa.


PAULO LEMINSKI