A emoção é como um pássaro,
quando se prende já não canta

sábado, 31 de janeiro de 2015

Aqui nesta pedra,
 alguém sentou pra olhar o mar
o mar não quis ser olhado
foi mar pra tudo que é lado

Leminski


sábado, 22 de novembro de 2014


A poesia me busca
no meio da noite insone
não há mais sono no meu sonho
distraio as horas que passam
sonhando sem dormir
o sonho que me acorda
e talvez resulte
uma poesia, desse meu não dormir

Mariza Alencastro

"Canção da chuva e do vento"

Dança, Velha. Dança. Dança.
Põe um pé. Põe outro pé.
Mais depressa. Mais depressa
Põe mais pé. Pé. Pé.

Upa. Salta. Pula. Agacha.
Mete pé e mete assento.
Que o velho agita, frenético,
O seu chicote de vento.

Mansinho agora... mansinho
Até de todo caíres...
Que o Velho dorme de velho
Sob os arcos do Arco-Íris.

Mario Quintana , 
in Canções, 1946

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Cais

Na proa dos barcos reconhecemos
os ventos tropicais.
Um cais torna-nos marinheiros
de um destino sem remorsos.
Ninguém põe em causa a perfeição
do voo das gaivotas nos corpos dos meninos
que rebolam, pela areia, a inocência do olhar.
Há uma rota, plural de outras rotas,
que pressente naufrágios a poente dos afectos.
Sal que vicia os lábios e magoa
como um punhal de sede.
Braço de água-doce
comprometido com um mar inacessível.

Graça Pires

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

A rosa

Uma sépala, pétala, um espinho,
Numa simples manhã de verão_
Um frasco de orvalho _
Uma abelha ou duas _
Uma brisa_um bulício nas árvores _
... E eis-me rosa!

Emily Dickinson

Da voz das coisas

Tela de Guy Demeter

Só a rajada de vento
dá o som lírico
às pás do moinho.

Somente as coisas tocadas
pelo amor das outras
têm voz.

Fiama Hasse Pais Brandão