A emoção é como um pássaro,
quando se prende já não canta

segunda-feira, 28 de março de 2011

De partir com as aves migratórias

Tela de Vicente Romero Redondo

Respirar cores com os ventos
Nos grandes ares. 
Oh, como estou triste...
O rosto da lua bem o sabe. 
Por isso, à minha volta há muita devoção aveludada
E madrugada a aproximar-se. 
Quando as minhas asas se quebraram
Contra o teu coração de pedra, 
Caíram os melros, como rosas de luto,
Dos altos arbustos azuis. 
Todo o chilreio reprimido
Quer jubilar de novo 
E eu tenho um desejo de me elevar voando,
E de partir com as aves migratórias. 



Else Lasker-Shüler

domingo, 27 de março de 2011

Ainda te levarei

Tela de Vicente Romero Redondo
Ainda te levarei
Amor
Para comer nozes frescas
Na montanha
E pendurar cerejas nas orelhas
Como se fossem flores
Ainda te levarei àquela casa
onde floriam lilases
Estará tudo lá
à nossa espera
Só não estará meu medo
de menina ...

Marina Colasanti

Poeminha

ﮨჱ¸.`ﻼჱ¸.`ﻼჱ¸.`

`ﻼჱ"Não aprofundes o teu tédio.
Não te entregues à mágoa vã.
O próprio tempo é o bom remédio:
bebe a delícia da manhã."`ﻼჱ



Manuel Bandeira

Primavera


É Primavera agora, meu Amor
O campo despe a veste de estamenha;
Não há árvore nenhuma que não tenha
O coração aberto, todo em flor!

Ah! Deixa-te vogar... calmo, ao sabor da vda
não há bem que nos não venha
Dum mal que o nosso orgulho em vão desdenha!
Não há bem que não possa ser melhor

Também despi meu triste burel pardo,
E agora cheiro a rosmaninho e a nardo
E ando agora tonta, à tua espera...

Pus rosas cor-de-rosa em meus cabelos
Parecem um rosal! Vem desprendê-los!
Meu Amor, meu Amor, é Primavera!...

Florbela Espanca

Quem foi?


Quem fez ao sapo o leito carmesim
De rosas desfolhadas à noitinha?
E quem vestiu de monja a andorinha,
E perfumou as sombras do jardim?

Quem cinzelou estrelas no jasmim?
Quem deu esses cabelos de rainha
Ao girassol? Quem fez o mar? E a minha
Alma a sangrar? Quem me criou a mim?

Quem fez os homens e deu vida aos lobos?
Santa Tereza em místicos arroubos?
Os monstros? E os profetas? E o luar?

Quem nos deu asas para andar de rastros?
Quem nos deu olhos para ver os astros?
- Sem nos dar braços para os alcançar?

Florbela Espanca

Fragmento

Tela de Daniel Rigdway Knigt 
Deus! Como é triste a hora quando morre...
O instante que foge, voa, e passa...
Fiozinho de água triste...
a vida corre... 
em Hora que passa. 

FLORBELA ESPANCA

Lunarossa

"Mentem os que disseram que eu perdi a lua,
os que profetizaram meu porvir de areia,
asseveraram tantas coisas com línguas frias:
quiseram proibir a flor do universo.

"Já não cantará mais o âmbar insurgente
da sereia, não tem senão povo."
E mastigaram seus incessantes papéis
patrocinando para minha guitarra o esquecimento.

Eu lhes lancei aos olhos as lanças deslumbrantes
de nosso amor cravando teu coração e o meu,
eu reclamei o jasmim que deixavam tuas pegadas

Eu me perdi de noite sem luz sob tuas pálpebras
e quando me envolveu a claridade
nasci de novo, dono de minha própria treva."

Pablo Neruda

Maneira de amar

Tela de David Smith
"O rio passa ao lado de uma árvore,
 cumprimenta-a, alimenta-a, dá-lhe água... 
E vai em frente, dançando.
 Ele não se prende à árvore. 
A árvore deixa cair suas flores sobre o rio
 em profunda gratidão
 e o rio segue em frente. 
O vento chega, dança ao redor da árvore 
e segue em frente. 
E a árvore empresta o seu perfume ao vento... 
Se a humanidade crescesse, amadurecesse,
 essa seria a maneira de amar." 

OSHO

sexta-feira, 25 de março de 2011

Asas

Eu tenho asas!
Piso o chão como pisa toda a gente
mas tenho asas
de impalpável tecido transparente,
feitas de pó de estrelas e de flores.
Asas que ninguém vê, que ninguém sente,
asas de todas as cores.
Pequenas asas brancas que me afastam
das coisas triviais
e as tornam leves, fluídas, irreais
- polén, nuvem, luar, constelações,
irisados cristais.
Asa branca minha alma a palpitar,
bater de asas o doce ciciar
de pálpebras e cílios.
Ó minhas asas brancas de cetim!
Revoadas de pássaros meus sonhos,
Meus desejos sem fim!


Fernanda de Castro,
in Exílio

Dias perdidos


"Há dias e que tudo é sem remédio,
em que tudo começa e acaba torto.
Uma folha caiu:
era um pássaro morto.

Neblina. Fim de tarde. Fim de Outono.
Nada nos fala, nos atrai, nos chama.
Choveu, parou a chuva,
ficou, porém, a lama.

Um banco no jardim. Árvores nuas,
um cisne velho, um tanque, água limosa,
nem a relva ficou,
quanto mais uma rosa.

Há barcos, há gaivotas sobre o rio,
e nas ruas há gente, há muitas casas.
Mais um dia perdido:
arrancaram-lhe as asas."


Fernanda de Castro, In «Urgente» 
Tela de Natalia Tur

Tão só...

tela de Frederick Frieseke

Tão só!

Cada vez são mais longos os caminhos
que me levam à gente.
(E os pensamentos fechados em gaiolas,
as idéias em jaulas.)



Ah, não fujam de mim!
Não mordo, não arranho.
Direi:
- Pois não! Ora essa! Tem razão.



Entanto, na gaiola,
cantarão em silêncio
os sonhos, as idéias,
como pássaros mudos.


Fernanda de Castro

De mãos dadas com minha infância

Tela de James Zabusa Shannon
Eu te pressinto correndo ao meu lado
e te admiro.
Gosto de teu sorriso sem conflito,
tua trança
que balança frouxa contra o vento.
Acostumei-me a te levar comigo
pelos meus sucessos
e nos contratempos.
Eu me desculpo pelos meus excessos.
Há espaço pra nós duas,
suficiente
para poder te manter irreverente,
apoiada na minha metade equilibrada.
Assim me encosto
na textura sem rugas de teu rosto.
Se houver um quase nada
de divergência,
é melhor prevalecer a tua inconseqüência,
que é o nosso lado mais sadio.
Se por acaso houver um desafio,
há de vencer-me a ingenuidade
que evaporou no tempo,
que descorou nos tons da meia-idade.
Mas, quando um dia confrontarmos
nossas diferenças,
quero que se sobreponha
por sobre minha face mais tristonha
a tua liberdade mais traquina.
Eu te dou a mão num gesto de ternura,
porque te quero sábia,
porque me quero pura.
Meio mulher madura,
meio menina.

Flora Figueiredo

sexta-feira, 18 de março de 2011

Asa no espaço

Tela de Henry Lebasque
"Asa no espaço, vai pensamento!
Na noite azul, minha alma, flutua!
Quero voar no braços do vento,
quero vogar nos barcos da Lua!

Vai, minha alma, branco veleiro,
vai sem destino, a bússola tonta.
Por oceanos de novoeiro,
corre o impossível, de ponta a ponta.

Quebra a gaiola, pássaro louco!
Não mais fronteiras, foge de mim,
que a terra é curta, que o mar é pouco,
que tudo é perto, príncipio e fim.

Castelos fluidos, jardins de espuma,
ilhas de gelo, névoas, cristais,
palácios de ondas, terras de bruma,
asa, mais alto, mais alto, mais!"

Fernanda de Castro

À sombra de um salgueiro

Fugi das chaminés.
do fumo, que era um denso nevoeiro.
e procurei, na beira dum regato.
a sombra de um salgueiro.

O silêncio, era música do céu;
o ar parado, absorto,
mas na água tranquila
vogava um peixe morto.

Fernanda de Castro

Receita para dias de chuva

Tela de Sally Swatland
 dia de chuva é para viajar
na neblina e no vento
para dentro para dentro

um livro fechado espera
que se abram suas portas
com as chaves do pensamento

Roseana Murray

Colher estrelas

Tela de Sally Swatland
Quando eu estiver
com o olhar distante,
maninha,
com um jeito esquisito
de quem não está presente,
não se assuste,
ó maninha,
fui logo ali,
no quintal do céu,
colher uma estrela cadente

Roseana Murray

A esperança

Tela de Galina Kazakova
"A esperança tem asas.Faz a alma voar.
Canta a melodia mesmo sem saber a letra.
E nunca desiste. 
Nunca."

Emily Dickinson

quinta-feira, 17 de março de 2011

A Pétala

Tela de Janet Hill
Toda vida é incompleta
rosa a que falta
uma pétala. 

Na escuridão
busco debalde
a tua mão. 

E escuto um silvo: 
É o trem que parte
da estação. 

Ledo Ivo

Intensidade


" A única forma de encontrar
O verdadeiro equilíbrio
É viver com intensidade
Os dois extremos "

Bruno de Paula

Hotel Algonquin


Eu sou sua armadilha
Eu moro dentro do seu cigarro de baunilha.
Um gato vírgula
O outro gárgula
E o terceiro dança.
Brinca de ponto de interrogação.
A taça de cristal do Hotel Algonquim vai ao chão.
ACORDE!
Eu sou o seu ponto de mutação.B
Greta Benitez

quarta-feira, 16 de março de 2011

Do amor



Fala a fala finíssima das folhas
e nos jardins suspensos dos seus olhos
aves doidas de sol cantam o canto
perfumado dos pátios e dos poços.

Torquato da Luz

A garota de Mônaco



-A Garota de Mônaco-

O filme trata da dificuldade que muitas pessoas têm em lidar com os próprios sentimentos- principalmente amor/paixão. Quando vi o trailer, achei que a tal garota ia ameaçar, mentir, extorquir, sabe-se lá que raio- o ser humano é capaz de muita coisa-. Na verdade a Moça do Tempo se mostrou inteira, sincera: não montou um quarto de mulher sofisticada para impressionar o senhor advogado; não fez chantagem com os vídeos que gravou; a grave falta foi ter conquistado o frágil coração do senhor em questão.

No auge do sentimento pela moça, o senhor em questão a vê e percebe que não mais suporta seu próprio basbaque: pede então ao seu segurança que "faça com que ele desapareça". O segurança, por sua vez, também já previamente perturbado pela garota, a mata. E é assim que muitas pessoas funcionam: "não sei lidar com isso, portanto vou matá-la". Na falta de habilidade, eliminaremos a causa da questão.

Isso é comum demais. É urgente refinar a maneira de vivenciar as relações.


.

terça-feira, 15 de março de 2011

Hora da saudade

Tela de Vladimiri Gusev
A tarde se esvai
lentamente
esgarçando suas luzes
em infinitos cristais
a tarde se esvai
e na alma fica um silêncio
de sinos mudos
uma espera ansiosa
de estrelas
uma saudade fininha
de não se sabe o quê.

Roseana Murray

Recado

Ao vento da noite sussurro
sete segredos; tudo que
tenho por fora tudo que tenho
por dentro, que o vento vá levando
minha sede de amor, pule cerca
pule sebes abra porteiras no mar
derramando meu recado nos quatro
cantos do ar...

Roseana Murray

Compro um barco cheio de vento






Compro um barco cheio de vento

com velas cor do firmamento
e uma bússola que aponte sempre
para as luas de saturno.
Compro um barco que conheça
caminhos secretos de mares desconhecidos.
Um barco feito de vento
onde caibam todos os meus amigos.
Compro um barco que saiba decifrar
os segredos escondidos
no coração das noites sem luar.


Em: Classificados poéticos de Roseana Murray 

Chama

Acender uma chama com cuidado todas as noites
para que vele os sonhos para que a alma não se apague
para que a poesia não escape
sombra sorrateira rente aos muros
arrumar todas as noites as miragens ao pé da cama
como um jogo antigo
onde nas pedras vinham escritas portas secretas 



Roseana Murray

Canção tardia

Tela de Daniel F. Gerhartz

Repara na canção tardia
que timidamente se eleva,
num arrulho de fonte fria.

O orvalho treme sobre a treva
e o sonho da noite procura
a voz que o vento abraça e leva.

Repara na canção tardia
que oferece a um mundo desfeito
sua flor de melancolia.

É tão triste, mas tão perfeito,
o movimento em que murmura,
como o do coração no peito.

Repara na canção tardia
que por sobre o teu nome, apenas,
desenha a sua melodia.

E nessas letras tão pequenas
o universo inteiro perdura.
E o tempo suspira na altura
por eternidades serenas.

Cecília meireles

domingo, 13 de março de 2011




Olho em redor e todos estão longe,
os vultos diluídos na paisagem,
e eu, que sempre busquei o que me foge,
recomeço a viagem.

TORQUATO DA LUZ

Longe




Olho em redor e todos estão longe,
os vultos diluídos na paisagem,
e eu, que sempre busquei o que me foge,
recomeço a viagem.

TORQUATO DA LUZ

Flores

Tela de Karla Burke
De um pequeno degrau dourado -, entre os cordões
de seda, os cinzentos véus de gaze, os veludos verdes
e os discos de cristal que enegrecem como bronze
ao sol -, vejo a digital abrir-se sobre um tapete de filigranas
de prata, de olhos e de cabeleiras.

Peças de ouro amarelo espalhadas sobre a ágata, pilastras
de mogno sustentando uma cúpula de esmeraldas,
buquês de cetim branco e de finas varas de rubis
rodeiam a rosa d'água.

Como um deus de enormes olhos azuis e de formas
de neve, o mar e o céu atraem aos terraços de mármore
a multidão das rosas fortes e jovens.

Arthur Rimbaud 

Um pássaro no dedo



Amar é ter um pássaro pousado no dedo.
Quem tem um pássaro pousado no dedo sabe que,
a qualquer momento, ele pode voar”

RUBEM ALVES

sábado, 12 de março de 2011

A Cereja te deseja

A cereja te deseja.
Você sabia?
Com sua volúpia vermelha
seu brilho indiscreto
embriagada de marasquino
ela já não mede conseqüências.
Hoje ela se sente perigosa
e na fogueira da sua alma
abusa dos sentimentos mais doces.
E até ela se escandaliza
descobrindo que é capaz de tudo
até vestir veludo
salto alto e trilha sonora
para ter você
agora.

Greta Benitez

Despedida

Tela de Gregory Packard
Por mim, e por vós, e por mais aquilo
que está onde as outras coisas nunca estão
deixo o mar bravo e o céu tranqüilo:
quero solidão.
Meu caminho é sem marcos nem paisagens.
E como o conheces ? - me perguntarão.
- Por não Ter palavras, por não ter imagem.
Nenhum inimigo e nenhum irmão.
Que procuras ?
Tudo.
Que desejas ?
Nada.
Viajo sozinha com o meu coração.
Não ando perdida, mas desencontrada.
Levo o meu rumo na minha mão.
A memória voou da minha fronte.
Voou meu amor, minha imaginação ...
Talvez eu morra antes do horizonte.
Memória, amor e o resto onde estarão?
Deixo aqui meu corpo, entre o sol e a terra.
(Beijo-te, corpo meu, todo desilusão !
Estandarte triste de uma estranha guerra ... )
Quero solidão.

Cecília Meireles

O dia é hoje...

A vida está por um fio. Tua casa está pegando fogo,
 teu amor se despedaça, tua hora está chegando.
 Não a hora da morte biológica, que pode até demorar,
 mas a hora da verdade, a hora de virar gente, 
a hora de assumir o comando.
 A hora de tomar consciência. 
Porque a cebola da vida está descascando,
 inexorável, aí, ao teu lado
 O leão do tempo, feroz, rugindo no teu cangote, 
e você não reage. Nem sequer se mexe. 
Há conclusões às quais você tem obrigação de chegar,
 hoje! 
Ou você se salva, ou você se perde. 
Escolha

Edson Marques

quinta-feira, 10 de março de 2011

Alba



Não faz mal que amanheça devagar,
as flores não têm pressa nem os frutos:
sabem que a vagareza dos minutos
adoça mais o outono por chegar.
Portanto não faz mal que devagar
o dia vença a noite em seus redutos
de leste - o que nos cabe é ter enxutos
os olhos e a intenção de madrugar.

Geir Campos

Caminho esparso

Tela de Goyo Domingues
Vou no caminho esparso, à luz difusa
Do longo amanhecer: o sol não falta
Ao encontro marcado no silêncio
Da noite que se afasta.
A certeza do sol, a madrugada,
O meu corpo de terra, descoberto
Nesta rosa doirada que da morte
Traz a vida tão perto. 

José Saramago

Não vasa

Tela de Luis Cohen Fusé

A vida está
dentro da vida
em si mesma circunscrita
sem saída.

Nenhum riso
nem soluço
rompe
a barreira de barulhos

A vasão
é para o nada
Por conseguinte
não vasa. ~

Ferreira Gullar

meu silêncio

Tela de Luis Cohen Fusé
“Se você não consegue
entender o meu
silêncio,
de nada irá adiantar
as palavras...
--
Pois é no silêncio
das minhas palavras
Que estão todos os meus
maiores
sentimentos
--
Oscar Wilde

Ainda te levarei

Tela de Edward Cucuel
Ainda te levarei
Amor
Para comer nozes frescas
Na montanha
E pendurar cerejas nas orelhas
Como se fossem flores
Ainda te levarei àquela casa
onde floriam lilases
Estará tudo lá
à nossa espera
Só não estará meu medo
de menina ...

Marina Colasanti

segunda-feira, 7 de março de 2011

Abre a janela


Abre a janela, deixe entrar o sol
o sal, o cheiro do mar, as folhas
o luar
deixe que o dia teça a sua teia
nos vãos da sua sala, nas telhas
no porta-retrato
em todo lugar...

£una

Havia um tempo

''Havia um tempo de cadeiras
na calçada.
Era um tempo em que
havia mais estrelas.
Tempo em que as crianças
brincavam sob
a claraboia da lua.
E o cachorro da casa era
um grande personagem.
E também o relógio de parede!
Ele não media o tempo, 
simplesmente:
ele meditava o tempo.''

Mário Quintana

Primavera

A primavera é a estação dos risos etc.etc . Mal treme
a brisa e mal palpita o lago.Mas de que brisa me hablas,
Casemiro? É vento, é chuva - é isto!
Ah, pelo que vocês dizem e pelo que se vê, a primavera
é apenas uma licença poética...

Mário Quintana