A emoção é como um pássaro,
quando se prende já não canta

domingo, 28 de agosto de 2011

Os ìpês


Floriram os ipês ali da praça
e, quando a gente passa,
-porque o vento as derruba em profusão –
vai esmagando flores pelo chão.

Como ciclópica oficina
pulsa, ao redor, a vida citadina.
Arranha-céus fugindo para o alto
numa arquitetura funcional;
automóveis rodando sobre o asfalto
e, de fundas angústias carregada,
a multidão correndo, alucinada,
vazia de Ideal.

Babélica, apressada,
toda essa gente não repara em nada:
não vê, em cima, a loira floração,
nem vê que pisa em flores pelo chão.

Os ipês se enfloraram, mas em vão . . .
Sua mensagem clara, colorida,
-um hino de louvor ao Belo e à Vida –
fica rolando, inútil, pelo chão,
fica, inútil, rolando pelo ar,
pois os homens não sabem mais sonhar.

Graciette Salmon

2 comentários:

Anônimo disse...

Tão belíssimos como as flores dos ipês, são os versos expressos de Graciette. Obrigado por compartilhá-los, abraço amigo; cuide-se bem...

Fabrício disse...

Poema maravilhoso! Não conhecia essa autora, muito boa poetisa. Obrigado à dona do blog por compartilhar esse texto!