A emoção é como um pássaro,
quando se prende já não canta

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

O mar

Ouve! O mar, escarpando as rochas, na agonia
Do sol, parece ter na voz humana acento
De dor! Reza, talvez. Vai recolher-se. O dia
Se ajoelha e a tarde, em sonho, abraça o firmamento

Como nós, pode ser que a tristeza e a alegria
O mar sinta também: precisa, em movimento,
Trazer um coração... Quem sabe o que irradia,
No íntimo, em doce e azul recolhimento.

Escuta! Uma onda vem beijar-te os pés. Não a de
Calma os seios rasgar sobre os basaltos. Quero-las
As ondas todas são. Ouve-lhe a voz. Piedade!

O mar leva-me a crer que tem paixões mortais
Em que rolam, brilhando, as lágrimas das pérolas
E palpita, fervendo, o sangue dos corais...

Maranhão Sobrinho

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