A emoção é como um pássaro,
quando se prende já não canta

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Vento




Passaram os ventos de agosto, levando tudo.
As árvores humilhadas bateram, bateram com os ramos no chão.
Voaram telhados, voaram andaimes, voaram coisas imensas;
os ninhos que os homens não viram nos galhos,
e uma esperança que ninguém viu, num coração.

Passaram os ventos de agosto, terríveis, por dentro da noite.
Em todos os sonos pisou, quebrando-os, o seu tropel.
Mas, sobre a paisagem cansada da aventura excessiva -
sem forma e sem eco,
o sol encontrou as crianças procurando outra vez o vento
para soltarem papagaios de papel.

Cecília Meireles

Um comentário:

Maria José Speglich disse...

Descobri o nome dopintor daquele quadro que lhe pedi.

George Dunlop Leslie - Roses

Pintor inglês (1835-1921)