A emoção é como um pássaro,
quando se prende já não canta

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Ontologia do amor

Tela de Leon Comerre
Ontologia do Amor
Tua carne é a graça tenra dos pomares 
e abre-se teu ventre de uma a outra lua; 
de teus próprios seios descem dois luares 
e desse luar vestida é que ficas nua. 

Ânsia de voo em asas de ficar 
de ti mesma sou o mar e o fundo. 
Praia dos seres, quem te viajar 
só naufragando recupera o mundo. 

Ritmo de céu, por quem és pergunta 
de uma azul resposta que não trazes junta 
vitral de carne em catedral infinda. 

Ter-te amor é já rezar-te, prece 
de um imenso altar onde acontece 
quem no próprio corpo é céu ainda. 

Vítor Matos e Sá


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