A emoção é como um pássaro,
quando se prende já não canta

sábado, 4 de setembro de 2010

Ai de ti Copacabana




Eu considerei a glória de um pavão ostentando o esplendor de suas cores;
 é um luxo imperial. Mas andei lendo livros, e descobri que aquelas cores todas
 não existem na pena do pavão. Não há pigmentos.
 O que há são minúsculas bolhas d'água em que a luz se fragmenta,
 como em um prisma. O pavão é um arco-íris de plumas.
Eu considerei que este é o luxo do grande artista, atingir o máximo de matizes
 com o mínimo de elementos.
 De água e luz ele faz seu esplendor; seu grande mistério é a simplicidade.
Considerei, por fim, que assim é o amor, oh! minha amada;
 de tudo que ele suscita e esplende e estremece e delira em mim
 existem apenas meus olhos recebendo a luz de teu olhar.
 Ele me cobre de glórias e me faz magnífico.

Texto extraído do livro "Ai de ti, Copacabana" de Rubem Braga

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